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Rotas do Vento

Cume do Kilimanjaro, O Teto de África!, Tanzânia

A Altitude

França, Itália, Suiça, Circuito do Monte Branco Integral

França, Itália, Suiça, Circuito do Monte Branco Integra

 

O fenómeno da altitude é algo que irá sentir durante os nossos passeios em diversas elevadas montanhas, normalmente acima dos 3000m.

Ele é um pouco incompreendido e nada tem de pernicioso, sendo outro factor climático tais como o calor, a humidade, o vento, a exposição solar que, em demasia, requerem um período de adaptação.

O nosso organismo está habituado a captar o oxi­génio do ar a uma pressão atmosférica perto do nível do mar. Subindo em altitude essa pressão vai decrescendo e os nossos alvéolos pulmonares terão de fazer maior esforço para captar a quantidade habitual de oxigénio. É por este motivo que, nos primeiros dias em altitude, nos sentiremos ofegantes se quisermos caminhar a uma pas­sada rápida. De igual modo, uma subida muito rápida também não consegue ser bem assimilada pelo organismo.

Se planearmos a ascensão de forma adequada, o organismo irá reagir com moderação criando uma maior quanti­dade de glóbulos vermelhos no sangue. Com o passar dos dias você sentirá que o esforço já não lhe custará tanto como no primeiro dia.

Esta alteração da composição do sangue não tem quaisquer efeitos negativos e durará enquanto você permanecer em altitude. De regresso a casa sentiremos claramente que temos maior capacidade para produzir esforço.

Um aspecto importante a ter em conta durante a ascensão é não nos esforçarmos demasiado para não provocarmos um desequilíbrio. Caminhe a um ritmo confortável. Se tiver que parar para recuperar o fôlego isso significa que a sua passada é apressada. Procure a passada ideal que lhe permita caminhar durante tanto tempo quanto queira a subir sem necessidade de descansar.

A vida em altitude implica vigiarmos atentamente a nossa saúde e cumprirmos alguns requisitos essenciais:

a) Devemos hidratar-nos sempre mais do que o cos­tume. Na montanha o ar é muito mais seco, o que gera uma maior perda de vapor de água pela respiração. É algo a que não estamos ha­bituados e por isso temos dificuldade em notá-lo. Também o exercício físico diário provoca maior perda de água pela transpiração. Em altitude, os raios solares são mais intensos e são outra fonte de desidratação.

Por isso lhe recomendamos que beba com muita regularidade, mesmo que não tenha sede, com reforços em excesso ao pequeno almoço e ao fim do dia. Uma boa hidratação do or­ganismo possibilita uma recuperação mais rápida da fadiga, e não sentirá os músculos doridos (o que acontece no caso contrário).

A hidratação no final do esforço é a mais importante, pois durante o dia não conseguirá beber tanto quanto necessário. Prefira água morna ou quente (chá, sopa), pois o organismo absorve-a melhor, e concentre-se em conseguir absorver o mais possível. Tente conseguir duas urinas abundantes entre o final da etapa e o deitar. Uma urina transparente significa que o organismo está bem hidratado. Mantendo sempre uma boa hidratação do organismo possibilita uma recuperação mais rápida da fadiga muscular durante a noite. Durma com o cantil à cabeceira e beba de cada vez que despertar.

b) Numa viagem com predominância de esforço físico é vital repor as calorias gastas em cada etapa. Note que não é necessário comer muito, desde que se coma o que é correcto. As suas refeições devem ser sempre muito ricas em hidratos de carbono (arroz, massas, batata, cereais, feijão, biscoitos, etc) para repor as reservas de energia que gastou durante o dia. O seu suprimento far-se-à sobretudo ao jantar, pois a refeição de meio do dia deve ser frugal, tipo pic-nic, para que não prossiga a etapa com uma digestão pesada.
c) Procure dormir bastante para se restabelecer: é possível dormir 9 a 10 horas por noite.

Tenha o cuidado de dormir sempre bem quente; se tiver frio vista mais roupa e encha o saco-cama com toda a roupa que tiver, inclusive a dos seus companheiros. Se tiver frio nos pés durante a noite, despeje a mochila e enfie o extremo do saco-cama dentro dela.

d) Não apanhe frio, e sobretudo não tome banho em ambiente frio (por ex. à noite), pois este prejudica seriamente a adaptação à altitude além de que poderá consti­par-se. Note que uma constipação irá atacar-lhe os brônquios, e re­duzir-lhe a captação de oxigénio.

A doença de altitude: Manifesta-se numa primeira fase com dores de cabeça e respiração ofegante. Não é preocupante, sendo até normal.  Nos primeiros dias você irá sentir-se ofegante ao mínimo esforço, depois notará que esse efeito se reduz com a progressão da acli­matação.

Não tome qualquer medicação enquanto estiver em altitude, especialmente an­tibióticos e comprimidos para dormir. Os primeiros enfraquecem bastante, os últimos poderão ser fatais. Os efeitos tanto dos medicamentos como do álcool são largamente ampliados pela altitude e podem ter efeitos imprevisíveis e nefastos.

Numa fase mais avançada, a doença da alti­tude manifesta-se através de um início de edema: a) cerebral – náusea, vómitos, perda de apetite, ou b) pulmonar – respiração muito ofe­gante com rápidas batidas cardíacas, mesmo em repouso, e tosse violenta.

Em ambos os casos a pessoa atingida não deverá prosseguir. Se, passados um ou dois dias à mesma altitude, o seu estado se mantiver ou piorar, ela deve perder alti­tude rapidamente.