Ao fim do quarto dia, após a montagem das tendas, veio pelo entardecer o jovem berbere de olhos mansos.
Trazia no rosto a simplicidade dos habitantes do Atlas e o saber acumulado das terras férteis. Saudou-nos e pediu um bálsamo para as feridas que tinha nos dedos da mão esquerda.
Sentou-se junto às tendas e ali ficou, quieto, numa imobilidade quase comovente. Não se ouviu um ai, um gemido que fosse, enquanto as mãos hábeis da enfermeira lhe aplicavam o tratamento. A dor apenas lhe foi percetível através de um subtil arrepio que lhe percorreu todo o corpo. E nós ali ficámos, em redor, absolutamente fascinados.
Mais tarde, à hora de jantar, regressou trazendo comida para as mulas em sinal de reconhecimento. Depois, entrou timidamente na tenda grande e veio partilhar a refeição connosco.
José G, Cova da Piedade